10/10/2011 - O verde está no vermelho
10/10/2011
Estudo revela que, ao final de setembro, já havíamos consumido os recursos naturais produzidos pelo planeta para o ano inteiro. Saiba como vamos pagar os juros desse "cheque especial ecológico"
Francisco Alves Filho
											
 Por muito tempo, os cientistas alertaram 
para os efeitos negativos que a ação arrasadora do homem teria sobre o 
futuro do planeta. Apesar disso, pouco ou nada foi feito ao longo dos 
anos para evitar que os recursos naturais fossem devastados de várias 
formas. Agora, os ambientalistas têm uma péssima notícia: o futuro 
chegou. De acordo com as estimativas da Global Footprint Network (GFN) e
 da New Economics Foundation (NEF) – organizações inglesas que medem a 
extensão dos prejuízos causados pela humanidade ao meio ambiente –, 
desde o último dia 27 de setembro, a Terra entrou no chamado “déficit 
ecológico”. Isso quer dizer que foram gastos, nos primeiros nove meses 
de 2011, todos os recursos – como água, peixes e árvores – que a 
natureza produz para o ano inteiro.  Exatamente com esse objetivo foi criado, em 2001, o Instituto Akatu, 
que procura conscientizar o cidadão do impacto de suas escolhas ao 
adquirir algum produto ou serviço. “As pessoas precisam entender que 
praticar o consumo consciente não é a mesma coisa que não consumir”, diz
 Ana Wilheim, diretora-executiva do Akatu. “O importante é lembrar que 
nossas decisões têm influência na vida dos outros. É preciso pensar 
solidariamente.”
RETRATO
Tráfego de carros em Los Angeles, EUA: país é o que consome mais 
recursos do planeta
“É como se estivéssemos no cheque especial, usando o que o meio ambiente
 tem de reserva”, explica o engenheiro ambiental Michael Becker, da 
WWF-Brasil. “Estamos no ponto mais crítico da história.” Com as 
diferenças de riqueza natural entre os países, alguns acabam gastando 
muito mais do que permitiriam os seus recursos ambientais e acabam por 
consumir o manancial de outras nações. O potencial ecológico do Brasil, 
por exemplo, ainda é maior do que seu consumo. Na média global, no 
entanto, a devastação do ambiente acaba por afetar a todos – segundo o 
GFN, estamos gastando anualmente o equivalente a um planeta e meio 
(saiba o gasto de alguns países no quadro ao lado).
Desde a década de 80, o consumo global tem superado a capacidade de 
regeneração da natureza, mas o atual estágio é inédito. Isso acontece 
tanto por causa do crescimento populacional quanto por conta do elevado 
nível de consumo da sociedade moderna. Nesse caminho, para atender à 
demanda mundial em três décadas será necessário o equivalente a dois 
planetas por ano. “É preciso educação para o consumo. Temos que usar os 
recursos de uma forma muito mais responsável e inteligente”, defende o 
ambientalista David Zee, professor de oceanografia da Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
POLUIDOR
Veículos como as SUVs, que consomem muito combustível, têm grande 
impacto no ambiente
Os especialistas defendem que, no momento em que a população mundial 
chega à casa dos 7 bilhões, seria útil rever os parâmetros de utilização
 dos recursos. “É preciso fazer uma transição para um modelo econômico 
que não dependa do crescimento do consumo, mas que seja capaz de gerar 
emprego e nos prover de serviços sociais”, declarou Aniol Esteban, da 
NEF, ao jornal espanhol “El País”. O problema é que ainda não se sabe 
como fazer isso. 
Uma das ideias é incluir o custo ambiental no preço dos produtos, para 
compensar a exploração do meio ambiente. Mas a discussão é longa e está 
apenas começando. Seja qual for a solução que atenda aos interesses das 
várias nações, é preciso que ela apareça rapidamente – o nível das 
reservas naturais está perto do limite, e o déficit ecológico é o sinal 
de alerta que faltava. 
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